A sensação de não pertencer a lugar nenhum no espiritismo

Essa sensação de não pertencer a lugar nenhum é mais comum do que imaginamos. Você já se sentiu assim? 

Sabia que tanto no espiritismo quanto espiritualismo esse assunto é amplamente abordado, e há explicações do porquê de nos sentirmos muitas vezes fora do meio? Venha comigo nesse post e descubra um pouco mais sobre esse tema.

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Ilustração representativa sobre a sensação de não pertencer a lugar nenhum no espiritismo e espiritualismo, o que pode ser?
Imagem: Leonardo AI

“Desde pequena, havia algo em mim que não se encaixava no desenho do mundo. Sorria, brincava, mas não entendia muitas das atitudes das outras crianças. Observava tudo com intensidade, mas não sabia como explicar o que sentia. Era como se eu estivesse em um planeta onde todos sabiam dançar... menos eu.

Sentir que não pertencemos pode ser uma das sensações mais silenciosas, profundas e frustrantes que alguém carrega. Às vezes, esse sentimento brota ainda na infância, quando não conseguimos nos encaixar nos moldes das outras crianças — suas brincadeiras, seus jeitos de falar, seus códigos invisíveis. Outras vezes, surge mais tarde, como uma inquietação persistente: "Por que tudo parece tão estranho pra mim?"

É um desencaixe que não é ouvido — ele se esconde durante o passar dos dias. Pode parecer solidão, confusão, tristeza ou apenas uma certeza interna de que há algo "diferente" em nós… algo que o mundo não vê. Ou que nos esforçamos para que não o vejam.

Mas, o que será que está por trás disso?

Esse não-pertencimento seria apenas uma questão do corpo, dos sentidos que sentem demais, do cérebro que processa de outro jeito? Ou será que há uma alma ali, que já andou por muitos caminhos, e que ainda não encontrou seu verdadeiro lar nesta vida?

Talvez… seja tudo isso.

As percepções espirituais

Vamos prosseguir primeiro com os aspectos espirituais...

Sentir-se como um estrangeiro no próprio mundo é algo que muitos espíritos relatam em obras espíritas e espiritualistas.

Segundo o espírito André Luiz, em diversas passagens da série “A Vida no Mundo Espiritual” (psicografada por Chico Xavier), é comum que espíritos mais sensíveis, nos anos de encarnação, sentirem uma espécie de "mal-estar" sutil — uma dificuldade de adaptação ao plano físico, à densidade da matéria. Muitas vezes sentindo-se saudoso ou deslocado. 

Em Os Mensageiros, por exemplo, há um trecho que toca nesse sentimento de deslocamento:

[...] Grande número de criaturas, porém, na passagem para cá, sentem-se possuídas de "doentia saudade do agrupamento", como acontece, noutro plano de evolução, aos animais, quando sentem a mortal "saudade do rebanho". [...] 

Pág 159 - Capítulo 48 - Os Mensageiros


Essa saudade, ainda que às vezes sem nome, pode ser um eco da ausência de laços antigos — nossos irmãos de alma, companheiros de outras jornadas, que ainda não reencontramos nesta vida.

Talvez o que chamamos de “não pertencimento” seja apenas o reflexo de uma memória espiritual, uma lembrança sutil de lugares, amizades e experiências que nossa alma já viveu. 

Quem sabe? É possível que só saberemos quando retornarmos...


Condições físicas 

Esse sentimento pode também ter raízes físicas e emocionais — ligadas à encarnação atual. E isso não invalida a dimensão espiritual: uma coisa não exclui a outra.
Vou deixar abaixo resumidamente algumas das possibilidades encontradas na psicologia para esse sentimento de ser "um peixinho fora d'água." 

Muito longe de diagnosticar, (isso cabe apenas a profissionais habilitados), esse post tem o objetivo de ampliar o olhar para outras possibilidades que também merecem acolhimento, mostrar que existem aspectos que vão além da espiritualidade, sendo muitas vezes algo do corpo físico. {alertInfo}


Espectro do Autismo

Muitas pessoas dentro do espectro relatam, desde a infância, a sensação de serem “de outro mundo”.
Isso acontece porque suas formas de perceber, sentir e interagir com o ambiente muitas vezes fogem ao que é considerado “padrão”.
Hipersensibilidade sensorial, dificuldade com regras sociais implícitas e interesses intensos fazem com que o mundo pareça estranho — ou ao menos, difícil de traduzir.

Transtorno da Personalidade Esquiva

Pessoas com esse padrão podem sentir-se frequentemente inadequadas, e por isso evitam interações sociais por medo da rejeição. Mesmo desejando conexão, têm uma sensação constante de não se encaixar, de serem invisíveis ou inapropriadas nos grupos. Esse transtorno pode ser classificado como fobia social ou transtorno de personalidade esquizoide. 


Transtorno Borderline de Personalidade

Neste caso, o sentimento de vazio, a oscilação de emoções e a dificuldade em manter vínculos estáveis contribuem para um profundo senso de desconexão — inclusive de si mesmo.

Depressão

Durante episódios depressivos, é comum sentir-se “fora da vida” — como se nada fizesse mais sentido, nem mesmo o próprio lugar no mundo.
É um tipo de não pertencimento silencioso, que precisa ser ouvido com delicadeza.

Pessoas Altamente Sensíveis

Apesar de não ser um transtorno, pessoas altamente sensíveis (PAS) costumam relatar desde a infância que se sentem diferentes dos demais. Por captarem com intensidade emoções, detalhes e nuances, podem sentir-se solitárias em sua forma profunda de perceber a vida. Isso pode se manifestar como um sentimento de não pertencimento a um mundo que parece rápido, barulhento ou superficial demais.

E se for tudo isso ao mesmo tempo?

Na visão espiritualista, nada acontece por acaso.
Antes de reencarnar, o espírito participa do planejamento de sua trajetória — escolhendo com mentores os principais aprendizados e desafios encontrados na futura encarnação. (Quando sua encarnação não é compulsória.)

Assim, um corpo sensível pode ser uma escolha do espírito.
Um instrumento afinado para perceber o que os olhos não veem. Para conectar-se com planos sutis ou densos. Para ensinar e aprender sobre acolhimento, cura, transformação.

O livro Entre a Terra e o Céu, também do espírito André Luiz, é mencionado que os corpos reencarnatórios são moldados conforme as necessidades do espírito — tanto para reparar quanto para crescer. Ou seja: cada detalhe tem um propósito.

E talvez, nesse propósito, esteja contido o próprio sentimento de não pertencimento.

Se você ficou curioso sobre os livros que mencionei, são esses:
Vale muito a pena!

Imagem representativa da Série A Vida no Mundo Espiritual de André Luiz por Chico Xavier
Imagem representativa - Leonardo AI

Série A Vida no Mundo Espiritual, psicografado por Chico Xavier, pelo espírito André Luiz.

Espírito André Luiz transmite suas observações e descobertas sobre o mundo além do que enxergamos.




Livro de Chico Xavier Entre a Terra e o Céu pelo espírito de André Luiz

Entre a Terra e o Céu

A história é narrada por André Luiz e tem um formato que mistura romance e relato espiritual, revelando os desdobramentos espirituais de suas escolhas passadas e presentes.



Referências:
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-de-personalidade/transtorno-de-personalidade-borderline 
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-de-personalidade/transtorno-da-personalidade-esquiva-tpe
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-do-humor/depress%C3%A3o
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/fatos-r%C3%A1pidos-problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-de-aprendizagem-e-do-desenvolvimento/autismo?query=autismo


Pontes entre corpo e o espírito

E se for possível… pertencer a si mesma(o), mesmo quando o mundo ainda não compreende?

E se, ao invés de buscar encaixe externo, começássemos por nos habitar internamente — com aceitação, verdade, auto empatia?

A sensação de deslocamento pode ser um convite interno dizendo: “Há algo precioso aqui. Algo que só você pode encontrar.”

Talvez o corpo, com seu jeito único de reagir ao mundo, esteja apenas apontando um caminho.
Talvez ele diga: "Ei, eu sou diferente porque vim aprender diferente. E, mesmo sem querer, talvez  ensinar diferente também... Vim ser ponte."

E nesse caminho, não há erro.
Não há defeito.
Há apenas a travessia.

Conclusão

Acolher-se não anula a dor ou mal-estar. Mas pode transformá-la. Porque o pertencimento verdadeiro talvez não esteja fora. Talvez esteja em se aceitar — mesmo quando ninguém mais entende. (E isso… vale pra mim também, que escrevo.)
Mas, e você que me lê, o que acha dessas teorias da encarnação? ☺️
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